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Super Nintendo: A História do Console que Marcou uma Geração.

Super Nintendo

Se tem um nome que brilha nos corações nostálgicos dos gamers do mundo todo, esse nome é Super Nintendo Entertainment System, ou simplesmente Super Nintendo, ou SNES, para os mais íntimos. O console foi muito mais que uma resposta da Nintendo ao mercado competitivo: ele foi um marco de geração, berço de franquias lendárias e o grande palco onde muitos de nós descobrimos o amor pelos videogames.

Me lembro como se fosse hoje, eu indo para casa do meu primo Fábio que. tinha acabado de ganhar um Super Nintendo da minha tia Iria, um video game quadradão, com 6 botões no controle. Lembro de ter pensado: “6 botões? Eu mal estou conseguindo jogar com 3 botões do Mega Drive, imagina 6 e ainda um botão de Select, que vai saber pra que serve?”. Aqui no Brasil o Nintendinho nunca foi febre, era o Master System, e ele tinha apenas dois botões em seus controles e o Mega que depois veio com 3 botões reinavam absolutos aqui no Brasil que concorriam com os clones do NES que ficavam em terceiro e quarto lugar na preferencia das crianças. Nem o Master e nem o Mega tinham um botão select no controle. Apenas o Phantom System tinha o botão, mas não ligávamos tanto pra ele, já que a maioria tinha um Master System quando os clones do NES chegaram ao Brasil, assim como Phantom System.

Jogar Turtles in Time era uma festa, e quando as Tartarugas Ninjas jogavam os adversários na tela da TV dando um efeito 3D? Aquilo era mágico. Jogar jogos do Arcade que eram febre nas casas de fliperama e Shoppings como Final Fight, Turtles Ninja e Street Fighter II eram coisas que só a Nintendo na época conseguiu proporcionar para os jovens daquela época.

De Onde Veio a Idéia

A ideia do Super Nintendo nasceu de uma necessidade: competir diretamente com o Sega Genesis, que vinha fazendo sucesso com sua pegada mais “radical” e com Sonic como garoto-propaganda. A Nintendo, que havia dominado os anos 80 com o NES (ou Famicom no Japão), sabia que precisava dar um passo ousado para manter a liderança.

A visão era simples, mas ambiciosa: criar um console de 16-bits que fosse mais poderoso, mais bonito e mais sonoro que qualquer coisa que os jogadores já tivessem visto.

A Chegada do Super Famicom

O Super Famicom (nome original do Super Nintendo) foi lançado no Japão em 21 de novembro de 1990. No lançamento, três jogos chegaram junto:

  • Super Mario World
  • F-Zero
  • Pilotwings

Esses três títulos mostravam exatamente o que o console podia fazer em termos de gráficos, jogabilidade e som. Super Mario World, inclusive, foi o carro-chefe e se tornaria um dos jogos mais vendidos de todos os tempos. Mario foi peça-chave nessa transição: já era um ícone dos games e, com o novo jogo, se consolidou como símbolo da Nintendo. Super Mario World apresentou novos personagens, como Yoshi, e trouxe mundos vastos com múltiplos caminhos, elevando o padrão dos jogos de plataforma. A nova aventura de Mario mostrou ao mundo o potencial do SNES e definiu o tom do que viria pela frente.

A Disputa com a SEGA

Enquanto o Super Nintendo se preparava para estrear fora do Japão, a SEGA já estava a todo vapor com o Genesis. A empresa apostava em uma imagem mais “cool”, especialmente para o público americano, que começava a ver a Nintendo como algo mais infantil.

O que se seguiu foi uma das mais memoráveis guerras dos consoles da história. Nintendo e SEGA disputaram cada título, cada comercial, cada centavo do bolso dos pais do mundo todo.

Entre os duelos mais icônicos estavam:

  • Sonic the Hedgehog (SEGA) vs Super Mario World (Nintendo)
  • Streets of Rage (SEGA) vs Final Fight (Nintendo)
  • Mortal Kombat (SEGA com sangue) vs Mortal Kombat (Nintendo sem sangue)

Esses embates dividiram playgrounds, revistas de games e até famílias, cada uma com seu console favorito.

O Lançamento nos EUA

O Super Nintendo chegou aos EUA em 23 de agosto de 1991, com o mesmo Super Mario World no pacote. Por lá, enfrentou forte resistência inicial da SEGA, que já havia conquistado uma boa fatia do mercado. Mas a qualidade dos jogos e o apelo das franquias consagradas da Nintendo fizeram o console ganhar terreno rápido. Títulos como The Legend of Zelda: A Link to the Past, Super Metroid e Donkey Kong Country impulsionaram ainda mais sua popularidade.

Durante os primeiros anos da guerra dos 16-bits, a SEGA conseguiu vantagem temporária com o Genesis, especialmente entre os adolescentes americanos, graças a um marketing agressivo e ao estilo mais “radical” de jogos como Sonic the Hedgehog.

No entanto, com o tempo, o SNES recuperou o terreno perdido. Lançamentos impactantes como The Legend of Zelda: A Link to the Past, Donkey Kong Country, Super Metroid e os RPGs da Square, como Final Fantasy III (VI) e Chrono Trigger, ajudaram a virar o jogo.

A Nintendo voltou ao topo e encerrou a geração 16-bits com cerca de 60% do mercado americano, tornando o SNES o console mais vendido nos EUA durante essa era, com cerca de 23 milhões de unidades comercializadas só na América do Norte.

Nos Estados Unidos, cerca de 721 jogos foram lançados oficialmente, sendo uma fração significativa do catálogo total global.

O Lançamento na Europa

Na Europa, a chegada foi mais fragmentada, acontecendo em diferentes datas entre 1992 e 1993. Apesar do lançamento tardio, o console também se tornou um sucesso por lá, especialmente em países como Alemanha, França e Reino Unido.

Por lá, o console foi visto inicialmente como uma tecnologia de elite, e os preços altos nos primeiros anos limitaram um pouco a popularidade. Mas com o tempo e a redução de preços, o SNES conquistou o mercado europeu com títulos localizados e parcerias com distribuidoras regionais. A estética refinada dos RPGs e a experiência multiplayer foram diferenciais que caíram no gosto dos europeus.

Experiência Multiplayer na Europa

Na Europa, o aspecto multiplayer do Super Nintendo também foi bastante valorizado, ainda que limitado às possibilidades da época. Ao contrário do que temos hoje, não havia conectividade online, mas isso não impediu os jogadores de se reunirem fisicamente para sessões épicas de jogatina.

Os europeus aproveitaram ao máximo os recursos locais do console, como:

  • Multitap Adapter: um acessório que permitia jogar com até quatro pessoas ao mesmo tempo em jogos como Super Bomberman e NBA Jam. Esses jogos se tornaram ícones das tardes entre amigos e familiares.
  • Localização dos jogos: muitos títulos foram lançados com tradução para línguas locais (como francês e alemão), o que aumentou o engajamento em sessões cooperativas ou competitivas.
  • Clubes e feiras de videogame: em países como o Reino Unido, Alemanha e França, surgiram comunidades e eventos presenciais voltados para jogos multiplayer, como torneios de Street Fighter II e encontros de Mario Kart.

Apesar da ausência de um sistema online, o multiplayer presencial era parte fundamental da cultura gamer na Europa durante a era do Super Nintendo, tornando-se um ponto de conexão social e cultural para uma geração inteira.

O Chip Super FX: Uma Revolução Gráfica no SNES

Um dos avanços técnicos mais marcantes do Super Nintendo foi o uso do chip Super FX, um processador auxiliar embutido diretamente em alguns cartuchos para ampliar as capacidades gráficas do console. Enquanto o SNES já impressionava com seus visuais coloridos e efeitos de rotação e escala (graças ao Mode 7), o Super FX levou tudo a outro patamar.

O Super FX permitia ao SNES renderizar gráficos poligonais em tempo real, abrindo as portas para experiências tridimensionais até então inimagináveis em um console 2D. O impacto foi imediato.

O primeiro jogo a usar o chip foi Star Fox (1993), que deixou jogadores do mundo todo boquiabertos com seus gráficos 3D e sua jogabilidade fluida. De repente, o SNES parecia uma máquina de outro planeta, rivalizando até com arcades da época. O chip também foi usado em outros jogos, como:

  • Stunt Race FX
  • Vortex
  • Dirt Trax FX
  • Yoshi’s Island (com o Super FX 2, versão aprimorada do chip)

Esses jogos mostraram que, mesmo com hardware limitado, a criatividade da Nintendo e o uso de chips especiais podiam prolongar a vida útil do console e desafiar os limites do que era possível.

Para os consumidores, o Super FX foi um vislumbre do futuro. Ele provou que o SNES ainda tinha cartas na manga e que os videogames estavam caminhando rapidamente para a terceira dimensão. Mais do que uma curiosidade técnica, o chip virou símbolo da ousadia tecnológica da Nintendo.

Duração no Mercado e Catálogo

O Super Nintendo teve uma vida longa e produtiva. Oficialmente, ele foi descontinuado apenas em 2003 no Japão, uma década após seu lançamento. No total, foram produzidos mais de 1700 jogos, entre lançamentos oficiais e exclusivos regionais.

Nos EUA, 721 jogos foram lançados oficialmente, cobrindo uma vasta gama de gêneros — de esportes a RPGs, de ação a estratégia.

O Maior Sucesso

Sem surpresa aqui: Super Mario World foi o maior sucesso do console, com mais de 20 milhões de cópias vendidas. A combinação de gameplay preciso, gráficos coloridos e uma trilha sonora marcante fez dele um clássico eterno.

Outros jogos que também brilharam muito:

  • The Legend of Zelda: A Link to the Past
  • Super Metroid
  • Donkey Kong Country
  • Chrono Trigger
  • Final Fantasy VI (III nos EUA)

O Maior Fracasso

Embora o Super Nintendo tenha tido poucos fracassos, um dos jogos mais criticados foi Shaq Fu, um jogo de luta estrelado pelo jogador de basquete Shaquille O’Neal. O jogo se tornou um exemplo de como nem toda celebridade se traduz em sucesso nos games.

Outro fracasso foi o acessório Nintendo PlayStation, um protótipo de leitor de CD que deveria funcionar em conjunto com o SNES. O projeto, fruto de uma parceria malsucedida com a Sony, acabou não vendo a luz do dia – e irônica e tragicamente, deu origem ao maior rival da Nintendo nos anos seguintes: o PlayStation.

Curiosidades

  • O Super Nintendo foi o primeiro console a usar o chip Super FX, que permitia efeitos 3D rudimentares, como visto em Star Fox.
  • O console tinha bloqueio regional físico, mas com um pequeno truque (como cortar o plástico do slot), era possível jogar cartuchos japoneses no console americano.
  • O controle do SNES foi uma inspiração direta para o design do controle do PlayStation.
  • Em alguns países, como o Brasil, o console foi licenciado pela Gradiente e distribuído com nomes e caixas diferentes.
  • O chip de som foi desenvolvido em parceria com a Sony, em uma irônica colaboração antes da rixa entre as duas gigantes.

O Legado

Mesmo após tantos anos, o Super Nintendo ainda é referência. Seja pelos remakes e relançamentos, seja pelos jogos em serviços como o Nintendo Switch Online, ou pelos projetos homebrew e hacks que ainda surgem na comunidade retrô, o SNES vive.

Para muitos, ele foi o primeiro console. Para outros, foi o melhor de todos os tempos. Mas para todos nós que crescemos com ele, o Super Nintendo não foi apenas um console. Foi uma parte da nossa história, um pedaço da nossa infância pixelada, com cartuchos soprados e tardes inesquecíveis.

Um Adeus que Nunca Foi Dito

O Super Nintendo pode até ter saído das prateleiras, mas nunca saiu do coração de quem viveu essa era. Ele não foi apenas um console: foi um portal para mundos incríveis, onde dragões, encanadores, heróis e vilões habitavam nossas tardes depois da escola.

Cada som de início, cada música de fase, cada chefão vencido… tudo isso ficou gravado na memória como trilha sonora da infância de uma geração inteira. E mesmo que o tempo passe, o SNES permanece ali — quietinho, no fundo do armário ou no fundo da alma — pronto pra ser ligado de novo e reviver emoções que nenhum gráfico moderno é capaz de reproduzir.

Porque o Super Nintendo não envelhece. Ele viou lenda.

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